segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

DE VOLTA AO PRATO



 Desde a antiguidade mais remota, quando ainda primata, a raça humana por mais andarilha que fosse em suas perambulações, voltava suas atenções seja o que estivesse fazendo, ao prato do dia que era na verdade aquilo que encontrasse na frente.
      A saída ali era uma em busca do pão cotidiano que se repetia dia pós dia como que fosse e era si, aquilo o mais elevado patrimônio e que estava quase que sempre nos mais inusitados lugares. 
      De volta ao prato; quem teria a coragem de afirmar não fazê-lo assim como um daqueles que da antiguidade ainda que com toda a moldura do Belo que nos rodeia? Pouco pode encobrir a realidade pintada que transmite as senas do ainda andarilho que sai ainda que em saídas bem mais modernas nos seus muitos atrativos civilizado, mas que por fim se rende diante de seu prato.
      Uma olhada rápida pode até não perceber, mas o rapaz, moça velho por mais que corra em sua carreira do progresso como um inabalável as vezes, será cobrado no mais secreto que há por em convocação para está em roda da mesa. Não! Não conseguirá manter a pose por muito tempo o rapaz ou a  moça. O imperativo menino ou o grande homem de negócio até, que como máquina incansável está como que engrenagem que não o deixa sair sem que esteja concluído todo o negócio.  Não! Nen mesmo este que é como insensível nunca distraído em suas idas e vindas, ficará inabalável ao chamado primitivo e que é tratado como não existente “até que se sinta o ronco no estômago”. 
      Força alguma poderá resistir quando se é para retroceder como vencido – talvez pelo bom e velho prato “primitivo”. É sem duvidas este maná quem convoca a cada dia todos os viventes ao prato.  
      Por mais que não seja percebido, por mais que se andem como que não existisse, sim, como que não existisse já que se vai nos atrativos e compromissos da vida andando atarefado, blindado com toda sorte de coisas que faz o homem estar como que fosse forte o suficiente ao ponto de esquecer que virá a fragilidade levando-o aos pés da mesa!  Será vencido o homem dito forte. Não estará de pé inabalável para sempre nas suas metrópoles. Voltará cabisbaixo – rosto abatido em busca da mesa.
      São muitos os atrativos a lhe fazer enganado e veloz a caminhar.  Anda com paços largos não podendo olhar para trás para não atrasar e ser passado por outro. Está nos treinamentos que o capacita fazendo-o capaz e por consequência, mais insensível para ver o quanto é frágil ao ponto de ser pego pelo estômago. Não, não; não importa se seja o mais esbelto. Estará seja quem for, prostrado no bom e velho prato sim.
      Tudo é visto nos semblantes das civilizações:  coragem, vigor, tudo o que leva longe pessoas revestidas de sentimento de poder e de acumulo de bens. Este ultimo é o maior dos inimigos a minar a sabedoria do que a ele se entregue. Se enchem de tudo o que for considerado patrimônio para se ter a sensação de conforto se abastecendo ao ponto de transbordar sem compreender que virá sobre si como assalto um grande desejo de se estar na mesa como submisso ao prato deixando de lado tudo para voltar ao ato mais primitivo e agradável da vida e que dá sim vida!
      Tantas coisas se faz no dia fazendo agir como que desesperado por tudo e de repente, de um momento para outro, cai-lhe um como “caos” do corpo puxando pra mesa. Batalhou  tanto, ultrapassou muitos, mas quando agora, precisa parar para se refazer sentado quietinho como bom menino no lanchinho da tarde.
      Precisa se refazer, pois anda sendo o mais capaz que há. Não haverá forças em si ao ponto de não se curvar ao simples grão. Fechou tantos negócios, esteve tão envolvido com tantas coisas como um robô até, mas precisa parar, ele mesmo nem se deu conta do quão fraco – digamos, seria ao bater a fome cobradora de alguns grãos tendo que ir como louco a mesa.
      Que façanha não é ver grande produtor de grão produzir suas toneladas que abastece os mercados. Quantas toneladas não produz por dia... quanto também necessita em cada refeição diária?  É irônico; se amontoa  aos tetos e este que assim faz, pega não mais que um punhado de grão para se alimentar na sua mesa todos os dias. É aquela simples porção que lhe tirará da postura de guerreiro para a de necessitado de não mais que um bom punhado para cada “meio dia”.
      Toda a carreira seja ela qual for, não irá muito longe mesmo que pareça ir, voltará ao pequeno ponto de partida que é nosso velho prato. Sim, vamos andando cabeça erguida sempre pra frente.
      O rapaz na sua festa elétrico em sua alegria vai como águia que voa alto não lembrando do chão abaixo. São muitas as alegrias que o prende naquele mundo de sensação. Que outra coisa virá a cabeça agora senão diversão? Se abastecerá de tudo o que é para contribuir com o clima da festa e só irá parar quando voltar-lhe as sensações dos dias comuns quando também chegará o pedido do pão. Para o mais festeiro dos viventes, aos mais tradicionais dado ao compromisso do trabalho, virá o chamado no interior a mesa.
      A moça por mais moderna que seja envolvida com toda sorte de glamour, estará também com sua dieta magríssima, mas nunca desprezando o pão.  Os rostos... não podem denunciar que os tipos guerreiros indo como fortes que não estão necessitando de nada irão sim serem surpreendidos. Vai-se onde preciso for com toda a segurança e conforto sabido no subconsciente que quando for surpreendido terá em algum lugar o tão desapercebido suprimento que revigora o corpo. Sim, passa desapercebido o “pobre” prato que faz o sabichão seja quem for, ficar de pé.
      Parece ser desprezado por quem leva tudo a muito serio na nova sociedade; a chamada moderna já que como robôs vai achando que nunca serão desconectados. Engano! Basta roer o ventre um pouco mais um insignificante ronco para que se volte ao prato que a pouco despediu. Homens modernos, homens que se erguem como implacáveis que não retrocede. Quem dera os que se reúnem em seus jantares de gala após ou durante reuniões, compreendessem que todos os negócios firmados só necessitam de um pouco de pão no fim do dia para poder ter homens e mulheres prontos para mais um período de labor. Não há como negar: todos rodeados ao redor da “velha mesa”. Ainda que não se admita por se estar rodeado de todas as fazendas, toda a riqueza sem o grão... nada é senão acumulo de ferro, prata e ouro.
      Se não se tem o grão seja qual for, em momento da fome, nada satisfará! Um pouco de grão livrará se estiver ali! Um montão de ouro não o poderá.
      Tudo o que fazemos em toda a atividade do dia nada é senão ornamentos vãos que iludem fazendo ser aquilo o de mais importante para a vida. Não adianta! Todos nos encontraremos ao redor de uma mesa a tomar café, almoçar, e jantar. Mesmo o navegante que navega sobre o mar, em varias tarefas, até este deve atentar que o bom peixe que lhe tira do sufoco quando está em fome, está ali bem abaixo de seus pés.
      É assim que vivemos, andando como alheios aos poucos minutos que se rodeia a mesa, navegando em mar de vaidades que nos deixa revestidos de um tipo de endeusamento fazendo parecer aos olhos que ali há um ser ilimitado que irá parar uma hora para cansado e faminto, deixar tudo o que tiver em mãos e que achava ser o mais importante de lado e vir agora encurvado sim para pegar alguns grãos na mesa antes que lhe falte o vigor nas mãos. 
      Seremos pegos de jeito lá onde estivermos totalmente envolvidos seja no que for. Como um peixe sim. Como um peixe que é deixado ir longe com sua isca na boca e que no momento certo é puxado para perto. “O prato feito” nos chamará estejamos onde estiver. Não conseguiremos resistir o seu chamado que é como solene. Esteja onde estiver nas tarefas da vida, ao seu chamado, não cometeremos a desfeita.
      Não seria esta uma ótima hora para se conscientizar de que os famintos que nada tem muito são necessitado? A fome que qualquer um sente é a fome que qualquer moribundo sente, mas claro: em proporções bem maiores!  É isto: somos como qualquer um desvalido nas ruas a buscar um pedaço de pão. A grande diferença é o tamanho do solavanco com que somos puxados à mesa. Solavanco que vem da necessidade do pão. O rei é levado ao banquete real; o Pebleu;  ao encosto de uma arvore talvez e todos estão ali como um só e não poderão cancelar ou terão semblante pálido ao ponto de suar, mas um pouco de grão o deixará de pé.
      Rodear a mesa é um como ato solene que trás todos os fiéis. O gladiador que rasga as carnes estará como filho submisso rasgando o pão. Nem mesmo os moluscos alimentos dos primatas ficavam sem a presença dos seus “caçadores”. O gado não nos resiste. As aves também não. O peixe no mais profundo é pego sem ter onde mergulhar. As aves dos céus... estas não nos convencem para não serem postas em nossos pratos mesmo com seu canto angelical. Levamos todos a mesa por nosso abatimento diário “quando mortos de fome”. Nossos rostos diários não denuncia que estamos ativos para o prato tão desprezado comparado aos sonhos de consumo.
      Não compreendem os acumuladores de bens que pouco lhes é necessário para estar de pé. Um pedaço do bom passarinho as vezes em seu prato. Este é o ponto de partida para todo ser vivente para poder caminhar. Do Nilo que gerava o pão saiu toda civilização dali. Se ergueu e pode ir armazenando o pão: o homem começa no pão e termina no pão. Poderá caminhar longe em suas conquistas, mas não demorará para que se veja sinais de fraqueza tendo que ir correndo de volta ao prato. Voltará para recomeçar.  Este é um dos pontos Maximo da vida; ter que correr a mesa para se abastecer com o que nada pode substituir seu valor tocando no ponto X  indo direto a questão. Vendo por este ângulo, que diferença há entre o poderoso senhor feudal e o servo?  Ambos não teriam que vir submissos “ao pé da mesa” ?. Ao toque do relógio interno que anuncia para estar na mesa, todos correrão!
      Todos em um único rito correrá deixando tudo para trás a saciar a fome. Tamanho, cor, seja o que for; nenhum poderá mostrar vitoria sobre outro dizendo não precisar ter que correr em busca do grão. Todos estarão em um mesmo trajeto deixando tudo por um pouco de pão. O prato: o único que pode tirar da fragilidade todos os nocauteados por ele para que agora, cheio da força, possam correr novamente em busca dos seus “entretenimentos” como faz qualquer criança correndo para seus brinquedos após ter prestado conta com a mãe que chama para a mesa.
      De volta ao prato. Todos estamos neste mesmo trajeto  desde a antiguidade seja nas cavernas primatas seja nas mais moderna que se possa ter hoje.


ERIVALDO R ALVES. 




                                              De volta ao prato

                De volta ao prato